Autores Brasileiros x Autores Estrangeiros

abril 05, 2015

Esses dias me peguei pensando: Por que eu tenho poucos livros de autores brasileiros em minha estante? E aí entrou outro questionamento Será que eu tenho preconceito com os autores brasileiros? No final das contas eu resolvi fazer esse post para sanar minhas dúvidas e descobri: eu não tenho PRECONCEITO com os autores brasileiros, eu tenho um PRÉ-CONCEITO.

Isso mesmo, eu tenho pré-conceito com autores brasileiros e não preconceito. Se confundiu? Deixa que eu explico.

Quando olhamos para alguém e não montamos uma primeira impressão dessa pessoa, o nosso cérebro cria uma "manifestação" ou ideia desconhecida de quem ela seja e portanto é impossível conceituar ou caracterizar algo nela antes mesmo do seu conhecimento. Esse é o pré-conceito.

Agora, quando olhamos alguém na forma de atitude discriminatória frente as outras pessoas como nas tradições, etnias e sexualidade e os caracterizamos como estranhos e diferentes de forma abusiva, este é o preconceito.

Mas o que muitos se confundem é que quando existe o preconceito juntamente existe o pré-conceito, já que é um mecanismo de diferenciação, só que por esta, gerada pela falta de conhecimento mutuo (modismos) e estão normalmente errados nos impedindo de ver a forma da "verdadeira face".

Para a existência de um pré-conceito é necessária a confirmação ou infirmação de algo, feita na casualidade por debates ou conversas com um determinado propósito.

Quando pegamos os livros estrangeiros e os livros nacionais é claro que existem diversas diferenças que podem descompensar como também acrescentar algo no nosso desenvolver literário e eu acredito que dentro desse mundo chamado "pré-conceito" existe o medo do influenciável e isso vai muito da sua individualidade. 

Veja o meu caso por exemplo: eu gosto de livros que eu possa criar expectativas junto a ele e não que elas sejam traçadas mecanicamente pelo autor e não por mim, isso acontece e muito nos livros nacionais. 

Ainda sim, existe um pré-conceito dos próprios autores nacionais para com os leitores. Podemos ver isso na forma como são feitos os livros: muitos deles com características parecidas dos livros estrangeiros. É até compreensível porquê Como vou atrair leitores nacionais para os meus livros? e a resposta é clara:  Me espelhando nos livros estrangeiros.

Não estou dizendo que os autores brasileiros copiam as estórias estrangerias ou que isso acontece intrinsecamente. PELO AMOR DE DEUS! É só questão de percepção. Leitores nacionais são poucos e isso não é de hoje. Quem aí já não deixou de ler José de Alencar ou Machado de Assis e tomou bomba naquela prova do ensino médio ou até mesmo teve a sua atenção chamada por livros nacionais com títulos escritos em outra língua? #NãoValeMentir

O processo para o agrado do leitor nacional é tão grande que boa parte dos livros nacionais praticamente jogam os finais na nossa cara. Muitos detalhes, muita informação e pouca revelação do essencial. A maioria dos leitores gostam do desconhecido e por isso está se tornando frequente a escolha por livros distópicos e thriller psicológico, como pelos gêneros policiais e de suspense porque não tem como errar ao escrever enredos como estes, além das questões por localidades.

Localidades? Sim, localidades. Você já percebeu que a maioria dos leitores quando leem livros que caracterizam cidades estrangeiras criam a vontade, se não, o desejo de viajar para lá? Comece a reparar.

Outra forma pré-conceituosa que temos com os livros nacionais é a maneira como são escritos os livros. Se os livros estrangeiros quando traduzidos já estão lotados de erros gramaticais e ortográficos quem dirá os livros escritos por autores brasileiros? Eu tenho essa relutância e posso dizer que não sou a única pelo mundo, isso é algo para se levar a sério! Um livro mal escrito perde pontos e desestimula a leitura. Do que adianta a estória ser boa se ela não fluir?

Mas de modo geral, a verdade é que o leitor brasileiro não valoriza a sua cultura e quando a valoriza é deixado em escanteio. Isso acontece da mesma forma lá no estrangeiro, mas não tanto quanto por aqui.

Mais um ponto a ser considerado é a questão do desejo escondido e o conformismo. A maioria dos leitores nacionais leem livros que demonstram a sua verdadeira maneira de pensar e a sua verdadeira forma como gostaria de agir. Muitos livros estrangeiros tiram esse leitor da rotina psicológica e mostram que pode haver sim uma mudança dentro daquele mundo particular, tratando indiretamente os problemas atuais senão os pessoais de cada um deles. Já os livros brasileiros eles impactam diretamente o leitor e por algumas vezes assustam, porque não há essa condução de primeiro engatinhar, depois levantar para se equilibrar e por ultimo aprender a andar.

Na última Bienal Internacional do Livro de São Paulo, eu tive o enorme prazer em participar de algumas sessões e encontros com autores e blogueiros dentro de algumas Editoras, e lá conheci diversos títulos brasileiros para os quais nunca tinha reparado e que são realmente bons. Me atrevi a lê-los e gostei.

Então fica aqui um recado: atreva-se, atreva-se a tudo.



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